17 de outubro de 2010

a historia de jacupiranga



Um pouco da história

O município de Jacupiranga foi criado em território de Iguape, tendo sua origem remota nos fins do século XVIII, quando alguns dos habitantes da antiga Vila de Nossa Senhora das Neves, subindo o Rio Ribeira e seguindo seus afluentes, trataram de examinar e conhecer o Rio Jacupiranga, navegando-o em grande extensão, tendo oportunidade de descobrir em suas margens pequenos veios de ouro, que passaram a ser explorados.
Esse fato, natural concorreu para que novos aventureiros resolvessem transferir-se para ali, aumentando o número de habitantes, que passaram a povoar aquelas paragens. Só no início do século XIX, outras pessoas estabeleceram-se nessa região. A existência da povoação que teve o primitivo nome de Botujuru é resultado dos constantes esforços de Antônio Pinto Magalhães Mesquita, português, que auxiliado por Hildebrando de Macedo, Manuel Pinto de Almeida, Francisco de Lara França e outros, construíram a primeira capela, cuja padroeira foi a Imaculada Conceição.
Em 1870, o povoado passou a categoria de Vila, recebendo o nome de Jacupiranga, palavra de origem indígena significando jacu-vermelho. Em 1888 o Cel. Mesquita, com o auxílio do Padre Antônio Domingos Rossi e outros construíram a Igreja Matriz. A lei estadual n.º 2253, de 29 de dezembro de 1927, criou o Município, com o território desmembrado de Iguape, elevou a sede municipal a categoria da cidade. Jacupiranga conseguiu sua emancipação política-administrativa em 29 de dezembro de 1927 e instalação em 23 de junho de 1928. Foi elevada a Comarca em 31 de dezembro de 1963.



A Lenda do Jacu-Piranga
Era dia de festa na aldeia pelo fim da desova dos peixes. Os índios, todos jovens, tinham vindo a alguns anos, fugindo de uma doença que atacou a tribo. Tyu, filho do cacique, já estava crescido e entrou no mato à procura de material para enfeitar-se. Encontrou uma ave morta e dela retirou penas negras e vermelhas. Tyu era o mais bonito da festa. Sua fantasia lembrava um pássaro preto de peito vermelho. Mas nos dias que se seguiram, Tyu ficou estranho e abatido. Estava doente e nada adiantou para curá-lo. Em pouco tempo o menino morreu.
Respeitado o costume da tribo, o corpo foi enterrado junto com sua última vestimenta, a fantasia. Tempos depois, a indiazinha Inaiê, que havia crescido com Tyu, caminhava para visitar o local onde estava enterrado o corpo, quando foi surpreendida por um forte bater de asas: próximo dali, levantavam vôo muitas aves negras de peito vermelho. Daí em diante, os índios passaram a ver sempre os pássaros, em grande número, junto ao rio. As aves começaram a pôr seus ovos nas margens do rio, onde nasciam muitos filhotinhos.
Eram parecidos com jacus, só que tinham o peito vermelho (piranga), e por isso foram chamados de Jacupiranga. Os índios concluíram que os pássaros surgiram em agradecimentos à homenagem prestada por Tyu. E o rio que cortava Botujuru (corruptela de Ibitu e juru, “boca de vento”) ganhou o nome dos pássaros: Jacupiranga

A história de Cajati

A história de Cajati tem sua origem na segunda década do século XIX , com a chegada, no Porto de Cananéia, de alguns jovens portugueses, dentre eles, Matias de Pontes. Na sua busca por ouro, Matias mais um índio chamado Botujuru, foram desbravando e explorando a mata adentro, por onde ninguém jamais havia passado. Para poderem caminhar, precisavam abrir muitas picadas, pois a mata era muito densa e sua vegetação cruzava sobre o rio estreito e profundo, impedindo, assim, a sua penetração. Daí surgiu a idéia de construírem uma canoa para navegarem sobre o rio, que mais tarde se chamaria Canha. Logo descobriram que esse rio mais parecia um ribeirão, pois desembocava em outro rio bem maior e mais fundo. Ao subirem o rio, encontraram uma bela prainha, onde surgiu a idéia de montar um acampamento. Durante uma noite turbulenta sob um temporal, tiveram que abandonar o acampamento às pressas, dirigindo-se para o alto (esse lugar é atualmente a Praça Matriz de Jacupiranga).

A aventura continuou e desta vez, pelo rio adentro. Matias queria conhacer a região, porém Botujuru, ao contrair maleita, veio a falecer, sendo o primeiro ser humano a ser enterrado no lugar. Matias e outros apossaram-se de duas glebas de terra: o acampamento e outra localizada rio acima, onde havia uma pequena cachoeira, que por essa razão, passou a ser chamar Cachoeira (atualmente Cajati). Logo em frente, estava a Serra do Guaraú. Matias prosseguiu as investidas nas proximidades do rio, colocando nomes nos lugares, sendo Cachoeira o seu favorito. Para a canoa se deslocar, tiveram que abrir um canal em que Matias residiu por mais de 50 anos. Outros lugares foram denominados como: Pouso Alto, pelo fato de dormirem numa árvore por medo das feras; Rio Azeite, por encomtrarem uma enorme pedra, na qual um garrafão de azeite de mamona foi quebrado e ao se referirem ao rio, vinha a lembrança do azeite derramado; Lavras, pelo fato encontrarem vestígios de pessoas que lá haviam passado e lavrado uma canoa (era o termo atribuído, quando se fazia uma canoa trabalhando a madeira bruta).

Na década de trinta, o Brasil tinha grande falta de cimento e fertilizantes e suas necessidades eram atendidas por importação. A comprovação da existência de calcário e apatita nas rochas de um vulcão extinto, feita pelo Dr. Theodoro Knecht, levou o Grupo Moinho Santista, que naquela época fabricava apenas tecidos, a pedir autorização ao governo brasileiro, para explorar o calcário das jazidas locais. Em 1938, foi-lhe concedido o direito de lavra (exploração) de calcário e apatita no Morro da Mina, iniciando, no ano seguinte, as suas atividades.

Foi necessário construir uma estrada de ferro, que levasse a apatita da mina, pela margem esquerda do Rio Jacupiranga, à sede do Município. Numa segunda etapa, era transportada até o Porto de Cubatão em Cananéia e, em seguida, levada em barcos até Santos, para novamente por ferrovia, chegar à São Paulo.

Texto do Livro "Uma Vereda no Vale" de Josepha P. Chiavelli